Estamos no início do
ano litúrgico, e esse primeiro período do nosso calendário chama-se advento,
que significa espera. Acredito que todos nós vivemos um constante advento, porque estamos em estado permanente
de espera. Sempre esperamos algo na vida: tempos melhores, saúde, melhor
educação para as crianças e as mais diversas políticas públicas de inclusão.
Mas a nossa espera mais ardentemente esperada é a definição total do Reino de
Deus, que será realizado por Jesus Cristo. Mas nossa espera não dever ser acomodada
e passiva, mas dinâmica, operante e construtiva. “Quem sabe faz a hora, não
espera acontecer”. Não esperamos de braços cruzados, mas dinamizamos a
caminhada, porque Jesus Cristo quando vier uma segunda vez, vai nos chamar para
o acerto de contas. Antes de partir ele nos entregou uma missão, e com certeza
não quer nos encontrar acomodados. Vai nos pedir contas dos talentos que nos
entregou.
Estamos iniciando a
segunda semana do advento e somos chamados a preparar o caminho do Senhor. A
passagem do evangelho que nos inspira para refletirmos sobre esse tema é Mc
1,1-8. É o início do evangelho de Marcos. Respeitando a tradição judaica de que
o Messias seria precedido por Elias,
Marcos nos apresenta João Batista, que é o novo Elias, o precursor, aquele que
veio na frente para preparar o caminho do Senhor, inserir o povo numa catequese
preparatória para receber o Messias. João Batista verdadeiramente era um
profeta, que anunciou a palavra de Deus, instruiu o povo e denunciou as
injustiças. Testemunhando a seu respeito, Jesus falou que ele ‘’foi mais que um
profeta” (Lc 7,26).
O cenário da pregação
de João Batista foi o deserto, lugar teológico da manifestação de Deus,
tanto na antiga como na nova aliança.
Deserto é espaço/tempo para pregação, penitência e conversão. A manifestação
salvadora de Deus vai se dar por seu filho Jesus, e João é o profeta mais
próximo que prepara esse terreno, ofertando o batismo de conversão que Jesus
leva à plenitude. Enquanto João Batista batiza com água, Jesus batiza com o
Espírito Santo. O batismo de João é um ato purificatório e reparatório. O batismo de Jesus é um mergulho no coração
da Santíssima Trindade.
Uma observação que
faço a respeito de tudo isso é a atitude profética de João Batista. Primeiro a respeito
de sua vida severa, persistente, concentrada e humilde. Vivia no deserto, vestia-se
de peles de animais, comia o que encontrava, como gafanhotos e mel silvestre.
Foi poderoso em palavras, firme nas atitudes e corajoso na denúncia. Por causa
do seu testemunho de retidão, chegou até mesmo a ser confundido com o Messias.
Mas João não se passou pelo Messias, simplesmente o anunciou e o apresentou ao
povo. Com muita humildade disse que nem seria digno de desamarrar as correias
de suas sandálias. Se nós também formos coerentes com as nossas palavras e
ações, podemos ser a pessoa de Cristo na comunidade. A atitude de humildade de
João Batista nos inspira e anima a sermos instrumentos de alegria e paz nesse
natal. A palavra natal origina-se de nascimento. O nascimento de uma criança é
motivo de alegria não só para a família, mas também para a toda a comunidade.
Jesus é aquele que traz alegria e esperança para todo o mundo: “Não tenham medo!
Eu vos anuncio uma boa nova, de grande alegria para todo o povo” (Lc 1,10).
Concluindo,
miremo-nos no exemplo de João Batista que se envolveu de corpo e alma com o
projeto de Deus, preparou-se para a vinda de Jesus através de uma vida humilde
e exemplar. Não anunciou ao mundo sua própria pessoa, apesar de ser confundido
com aquele que anunciara. Ao contrário, sentiu-se indigno de ser um escravo de
Jesus para desamarrar as correias das sandálias. Sua vida foi uma denúncia
contra o consumismo e a busca do poder. Sua pregação visava a confissão dos pecados, a conversão e ao perdão divinos. Nesses dias de advento,
muitos grupos estão se preparando, mediante os encontros em família, para o
natal do Senhor. Preparemo-nos confessando nossos pecados, esforçando-nos para
a conversão, renovando o nosso batismo e nos dobrando aos pés de Jesus, colocando-nos
a serviço dele e da comunidade.
Um
abençoado domingo a todos!
Pe.Izaías
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