Evangelho
de hoje: Jo 2, 13-22
Amados irmãos, nesse
domingo a Igreja celebra a festa da Dedicação da Basílica de Latrão. Qual o
significado dessa festa? Trata-se da primeira catedral do mundo. É dedicado a
São João Batista e São João Evangelista, com sede em Roma. Mas essa festa nos
faz lembrar o valor do verdadeiro templo, gerador de vida eterna, Jesus Cristo.
As leituras de hoje nos fazem refletir sobre essa importância. Segundo o
apóstolo Paulo, nós somos construção de Deus. Jesus Cristo é o alicerce, a base
sólida desse edifício que está em construção permanente, até a eternidade. Nós
fazemos parte dessa construção. A ninguém é permitido criar outro alicerce que
não seja Jesus Cristo. Só ele dá consistência à nossa caminhada. Somos
santuário de Deus e o Espírito Santo mora em nós, afirma o apóstolo. Por isso
temos que zelar o nosso corpo como um templo santo. Não devemos abusar dele com
os exageros e os vícios, mas sempre conservá-lo para que o Espírito Santo seja
dele um hóspede permanente. Nosso corpo, templo do Senhor, não deve em nenhuma
hipótese, ser objeto de exploração, pois foi para a liberdade que Cristo nos
libertou (gl 5,1). Deus nos deu a vida como um dom, e de modo gratuito. Ele é o
dono da vida, nós somos os administradores. E como tais, devemos conservá-la
carinhosamente.
Na época de Jesus, o
templo era um lugar onde existia um fluxo enorme de peregrinos que iam de todas
as partes para rezar e oferecer sacrifícios, mas também passou a ser lugar de
exploração, principalmente dos mais fracos que tinham que comprar animais por
um preço muito alto para o sacrifício. Os detentores do poder religioso e econômico,
ligados ao templo, eram os beneficiados dessa exploração. Nessa época, a
maioria das terras da Palestina estava nas mãos dos latifundiários. Estes
pertenciam à elite religiosa (sumos sacerdotes e anciãos) e moravam em
Jerusalém. O sumo sacerdote enriquecia com o aluguel dos espaços para as
barracas dos vendedores e cambistas. Os animais criados nos latifúndios eram
conduzidos a Jerusalém e vendidos. Deus nunca se contentou com nenhum tipo de
exploração, principalmente quando se tratava da exploração por meios
religiosos. Mas já a teologia veiculada pelo templo de Jerusalém, afirma o
contrário. Para ser ouvido, Deus precisa ser comprado mediante sacrifícios. Era
uma justificativa para a exploração. Por isso, Jesus chegando ao templo e vendo
os abusos, se revolta e começa a expulsar os profanadores. Jesus é o novo
templo. Aboliu os sacrifícios e colocou-se como aquele que se revolta contra
todo tipo de atividade que degrada a pessoa humana. Ele não compactua com uma
religião que se torna simples fator econômico, explora e massacra os pobres,
ainda que se diga que isso é em nome de Deus. Isso vai de encontro ao evangelho
que traz a proposta de libertação.
A exploração da fé
ingênua das pessoas termina à medida que essa fé deixa de ser tão ingênua e
assume verdadeiramente Jesus como o centro. Quando nós fazemos parte desse centro,
que é Jesus, nos tornamos comunidade santuário.
Um abençoado domingo para todos!
Pe. Izaías
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